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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O sono que engana

''My Lady d'Arbanville, why do you sleep so still?
I'll wake you tomorrow
and you will be my fill, yes, you will be my fill.

My Lady d'Arbanville why does it grieve me so?
But your heart seems so silent.
Why do you breathe so low, why do you breathe so low.''

Cat Stevens- Lady D'Arbanville

Eu fiz roçar meus lábios no rosto dela e perguntei mais uma vez porque ela dormia tão imóvel. Ela continuou do mesmo jeito. Fui à cozinha preparar um café para levar-lhe à cama. Fiz de tudo, do mais variado. Levei cuidadosamente na bandeja. Chamei o nome dela bem de leve, bem baixo e suave para que ela não acordasse assustada, pois isso estragaria tudo.
Ela nem fez menção de acordar. Coloquei a bandeja em alguma superfície e fui à cama pra tentar acordá-la novamente. Sua respiração era tão baixa.
- Porque você dorme tão imóvel, querida? Porque respira tão baixo, quase sem me deixar sentir que suga, com suas narinas, o mesmo ar que eu? Isso é maldade. Deveria deixar-me ver seus movimentos inconscientes quando dorme; sua respiração profunda como um suspiro que leva a a alma num instante. Repito : isso é maldade.
Ela respondeu-me. Sim, mas sem nenhuma palavra.
Estava morta, respondeu-me com a morte.

H.Reis

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