O velho senhor estava na biblioteca. Não, não lia. Estava sentado na enorme poltrona marrom, segurava sua bengala e tentava não pensar em nada.
A empregada entrou, olhou o velho com a máxima indiferença e começou a espanar os livros antigos da preteleira mais baixa da estante. O uniforme era um vestidinho curto e azul, bonito até.
Quando ela se abaixou para espanar, o velho fez questão de prestar atenção. As nádegas simétricas dela eram as mais bonitas já vistas por aqueles olhos cansados e tarados do senhor. Ele se ajeitou ainda mais na poltrona para obsevar aquilo de camarote. Os seios não tão grandes davam a ideia de delicadeza de busto, coisa bonita em meninas novas.
Ele, lá mesmo da poltrona perguntou:
- Tem namorado, menina?
A empregadinha estranhou. Aquele velho nunca havia dirigido a palavra a ela e agora vem perguntar se ela namorava? Ela hesitou em responder, mas não viu maldade.
- Tenho noivo, por que?
- Ele tem sorte. Pode aproveitar sozinho esse seu bumbum tão bonito!
Ela quase se ofendeu, mas achou bobagem. Aquele velho deveria ser esclerosado ou coisa assim. E também, mesmo ele sendo tarado, que mal poderia fazer a ela? Ele mal conseguia levantar da cama sem ajuda. Então deu corda:
- Pois é, ele nasceu virado com a bunda pra lua; ela deu uma risadinha escondida, se divertindo com o trocadilho mal feito.
O velho se assustou e não disse mais nada. Só resmungou para si mesmo:
- Meu Deus, que menina desbocada. Não se fazem mais empregadas como antigamente.
Ela, com um risinho no canto da boca, terminou seu serviço e saiu muda da biblioteca.
Ele, vendo-se sozinho, disse sem resmungar:
- O noivo dela nasceu com a bunda virada pra lua e ela bem que poderia ter nascido com a bunda virada pra minha janela!
H.Reis