Edu já havia completado os seis anos e vivia me pedindo dinheiro. Queria comprar alguma coisa sozinho. Orgulho de criança, coisas de criança daquela idade. Então, eu, mãe coruja e que ás vezes faz os caprichos da cria, dei cinco reais a ele. Deixei ele mesmo decidir oque faria com o dinheiro.
Passaram-se dois dias e nada de Edu falar oque comprou com aquela nota. Eu havia ido buscá-lo na escola de carro e ele, no meio do caminho avistou uma padaria e pediu para que eu parasse em frente antes de seguirmos pra casa. Perguntei oque ele queria lá e ele respondeu:
-Ah, mamãe, a senhora me deu dinheiro outro dia e hoje eu tô doido pra comprar alguma coisa com ele.
Adorei a ideia, estava louca pra saber com oque Edu gastaria aquilo; seria uma cena inédita pra mim. Paramos à porta da padaria, resolvi nem sair do carro, deixaria ele entrar, escolher oque quisesse comprar e pagar sozinho; um pouquinho de falsa independência seria bom pra ele, faria ele se sentir mais ''homenzinho''.
Ele demorou um pouquinho a voltar, mas entrou no carro radiante. Estava com um saquinho cheio de guloseimas, mas aquela felicidade toda não poderia ter sido causada só pelos doces. A outra maõzinha estava cheia de moedas, deveria ser o troco da compra. Admirei-o por não ter gastado todo o dinheiro que tinha.
Perguntei por que sorria daquele jeito e ele me respondeu prontamente:
-Mamãe, aquela moça lá da padaria é muito legal!
-Por que meu filho, oque ela fez?
-Por que você dá ''um dinheiro'' pra ela e ela te devolve um tanto de ''dinheiros'' !!!
Criança é fogo
H.Reis
MUITO bom. Ri "potássios" com essa postagem. Adoro "criança é fogo". é demais!
ResponderExcluir;)
Eu adoro o ''ri potássios'' e essa é a intenção.
ResponderExcluir:)
ah, a inocência da infância...
ResponderExcluirHelena, você uma vz disse que as palavras são como jogadores e o escritor como um técnico.Verdade!mas você faz muito mais que simplesmente ganhar a Copa você faz a torcida se sentir parte do jogo,quero dizer, faz o leitor se sentir parte de sua fantástica história.Seu gosto seletivo e requintado leva os leitores deste blog a um diferente patamar e concepção de vida e literatura.
ResponderExcluirParabéns.
Laís, que palavras raras e lindas as que disse. Não sei se mereço tanto.
ResponderExcluirFico muito satisfeita em saber que vê e sente isso pelas coisas que escrevo.
Não acho que quem escreve deve fazer ou se preocupar exclusivamente com quem vai ler, mas a opinião e as críticas sempre ajudam o escritor a crescer e pensar mais em sua arte, que, por experiência de causa, digo que é muito complexa.
Quero dizer que estou fazendo o que amo e não há dinheiro nem nada que se iguale a isso. Se houver, de minha parte, amadurecimento e crescimento nisso que faço, quero que vejam, que critiquem, que avaliem.
Que fique bem claro: não faço nada sozinha.
Adoro-os.
Beijos sinceros , H.Reis.