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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Paris, 23 de dezembro de 1986

Que tenhas um bom Natal, mamãe.

Diga para papai não se esquecer de vestir de Papai Noel e imaginar que estou aí, com os olhos cheios d'água olhando-o barrigudo, vermelho e branco.

Diga para Diogo não se apressar, um dia ele descobrirá que o papai Noel é nosso papai, que por coincidência, também se chama Noel. O nosso papai Noel existe e é só nosso.

Diga para vovó Didi que usarei as meias que ela me der de presente, e fale também que ela terá que inventar uma meia que não seja nem vermelha, nem azul, nem branca, nem amarela, nem verde, nem preta, nem marrom, nem roxa, nem rosa, nem nenhuma cor que existe. Pois nesses 31 natais que vivi, ela me deu meias e todas de cores distintas.

Diga para vovô Carlos não dormir antes da ceia e que aquele aviãozinho que ele me deu no Natal de 60 está aqui, em cima da escrivaninha de meu quarto.

Para Cida diga que sei que a rabanada dela continua a mesma. Me faz encher a boca d'água mesmo em outro continente.

E para a senhora, mamãe, um beijo e minha letra quente. É a maior e mais simples prova de amor que posso mandar.

Estou bem. Arranhei-me outro dia na quina da mesa, mas não se preocupe, já deu casquinha e vai sarar logo.

Espero que venham para meu aniversário,

Edgard.

H.Reis

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