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terça-feira, 14 de agosto de 2012

Destinatário ausente

Nada é favorável à minha escrita, ao meu poema.
O papel acabou.
A tinha secou e o lápis quebrou.
E você,leitor?
Você não quer ler, você é preguiçoso e relutante.
Você põe fim ao meu poema sem que eu o autorize.
Você boceja, você levanta, se senta e pede um drink.
Voce reluta a ouvir o que grito.
Você não sente, leitor.
Você tem afazeres mais importantes. Tão importantes que nem tarefas são.
Afazeres te soa melhor.  Palavra mais difícil, rara e bonita.
Você tem seus afazeres.
Afazeres seus que são lavar o carro.
Levar a TV ao conserto ou comprar um terno novo.
Não se vista, leitor.
Vestir-se pra quê? É só um conselho que lhe dou.
O linho não terá orgulho de vestir alguém tão vazio.
 O espelho não terá prazer em ver despir-se alguém tão cheio de nada.
Não perderei mais meu tempo a dar-lhe conselhos, leitor.
Você não está lendo isso.
Pois então, eu estou escrevendo pra quem?

H.Reis

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